odos os anos, milhares de pessoas deixam a Igreja Cristã Maranata. Mas, segundo relatos, o que vem depois não é nada fácil.
Em entrevista exclusiva, o pastor Júnior Magalhães, vice-presidente da Associação Amai-vos, revelou que a saída da igreja costuma deixar marcas profundas.
“A maioria sai com depressão, síndrome do pânico, ansiedade e até transtornos mais graves. A cultura de medo destrói essas pessoas”, afirma.
Cultura de medo e controle psicológico
De acordo com Magalhães, a igreja promove uma doutrina baseada no medo:
- Fiéis são levados a crer que, se saírem, sofrerão acidentes, doenças ou desgraças.
- A Bíblia é interpretada apenas através da chamada “palavra revelada”, tirando dos membros qualquer autonomia espiritual.
- Humilhações públicas, especialmente contra mulheres, seriam comuns durante cultos e reuniões.
“Mulheres são acusadas de estar em pecado ou culpadas pelos fracassos dos maridos na igreja. É uma violência emocional constante.”
Trabalho gratuito e falta de transparência
O pastor também denuncia:
- Fiéis trabalham de forma voluntária no Manaim, sede da igreja, muitas vezes em condições precárias.
- Todos os recursos arrecadados são enviados ao presbitério em Vila Velha (ES), sem qualquer prestação de contas.
- Enquanto pastores locais não recebem salários, líderes da cúpula chegam a ganhar mais de R$ 40 mil, segundo Magalhães.
Casamentos forçados e destruição familiar
Outra denúncia grave é sobre os chamados “casamentos por revelação”.
- Fiéis se casam acreditando que foi uma ordem divina.
- Segundo Magalhães, 80% desses casamentos acabam em divórcio, gerando traumas e rupturas familiares.
Perseguição judicial
Ex-membros que denunciam práticas da igreja relatam serem processados frequentemente.
“Fui condenado judicialmente apenas por dar uma entrevista. Conheço dezenas na mesma situação”, afirma Magalhães.
Saúde pública em alerta
Para o pastor, os danos são tão profundos que deveriam ser tratados como um problema de saúde pública.
- Pessoas saem com sequelas emocionais, cognitivas e financeiras.
- Muitos ficam incapazes de trabalhar e desenvolvem fobia religiosa e transtornos mentais severos.
Apoio e acolhimento
A Associação Amai-vos, formada por ex-membros e profissionais voluntários, oferece:
- Apoio psicológico
- Aconselhamento pastoral
- Orientação jurídica
“Não queremos atacar ninguém. Nosso objetivo é cuidar dos que saem e estão destruídos, sem saber por onde recomeçar”, conclui Magalhães.
A Igreja Cristã Maranata foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.
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